terça-feira, 14 de junho de 2011

IMIP 51 Anos


Fernando Figueira, um cientista.

Fernando Figueira pode ser chamado de um dos maiores cientistas social que este país já teve, pois as suas pesquisas, todas de relevância social, tinham efeitos imediatos no cenário nacional, especialmente na região Nordeste e entre as crianças carentes, a quem suas pesquisas originalmente eram destinadas.

Suas pesquisas, originalmente, surgiam sempre dos grandes problemas de saúde que atingiam à criança brasileira, especialmente àquelas menos afortunadas. Foi assim com seus estudos sobre os distúrbios eletrolíticos e equilíbrio ácido-básico, que forneceram sólidas bases para a aplicabilidade da terapia de reidratação oral que tanto mudou o cenário da mortalidade infantil neste país ao reduzir de forma drástica a letalidade pela diarréia aguda. Da mesma forma, seus estudos sobre a subnutrição e a sua perversa interação com as infecções, possibilitaram um melhor prognóstico das crianças hospitalizadas com formas graves de desnutrição.

Foram seus os estudos que estabeleceram as bases terapëuticas atuais para o tratamento da ancilostomíase, geohelmintíase de elevada endemicidade em nosso país, especialmente na zona da mata da região Nordeste. Antes de seus estudos, orientava-se o tratamento da anemia ferropriva, sempre associada com essa parasitose, para então depois erradicar-se essa verminose, ou seja, tratava-se inicialmente as conseqüências para depois se tratar a causa. Ele provou categoricamente esse equívoco e dessa forma contribuiu decisivamente para a diminuição da morbidade desse parasita.

Foi sua também a primeira descrição no Brasil da fibrose cística do pâncreas, doença genética, habitualmente letal e que atinge hoje, mais de 10.000 brasileiros. A sua descoberta no Brasil alavancou vários outras pesquisas que possibilitaram a esses pacientes uma melhor sobrevida.

Seus estudos sobre o leite materno lhe deram a plena convicção para enfrentar as multinacionais da indústria alimentar que promoviam, naquela época, o desmame precoce com a propaganda enganosa das vantagens do aleitamento artificial. Essa danosa ação da indústria do leite em pó vitimou milhares de crianças nos países pobres. E no Brasil, Fernando Figueira foi a primeira voz, aliando seu conhecimento científico à sua posição política, quando então Secretário de Saúde do Estado, proibiu a distribuição do leite em pó nas maternidades de Pernambuco. Esse movimento, surgido em nosso estado, foi o marco para o processo de incentivo ao aleitamento materno que assistimos hoje. Registre-se ainda seus estudos originais sobre a relactação, o processo que possibilita as mães que deixaram de mamar, voltarem a amamentar ou até mesmo aquelas que nunca amamentaram, como aquelas mães de crianças adotadas, avós ou outras parentes, usufruírem dessa dádiva da natureza.

No seu grande laboratório social, o IMIP, o pesquisador Fernando Figueira desenvolveu ainda seus estudos na área mental, o que possibilitou pioneirismos naquela época, década de 70, como a permissão obrigatória para que as mães acompanhassem seus filhos hospitalizados, inclusive nas unidades de terapia intensiva, as visitas dos familiares sem horário pré-fixado, o alojamento conjunto, entre outros. Essas medidas, comprovando seu acerto, tornaram mais humano o ambiente hospitalar e contribuíram para diminuir o tempo de internamento e a morbi-mortalidade hospitalar.

Na área do ensino, uma de suas prediletas, seus estudos foram inovadores. Ele pensava e idealizava sua escola médica, baseada em tipo de ensino ativo, sempre baseado no doente, aquele ser concreto, que podia ser ouvido, palpado, visualizado, diferentemente do estudo tradicional centrado na doença, ser abstrato. Dessa forma, o estudante visitaria seu paciente em sua casa, identificando “in loco” as causas do seu adoecimento. Paralelamente, estudaria, de forma motivada e integrado à realidade, as bases fisiopatológicas do acometimento daquele doente, ou seja, a fisiologia, anatomia, histologia, patologia, etc. Alargaria ainda seus conhecimentos, estudando a sociologia, a antropologia, a política, para assim entender melhor as origens das doenças, as chamadas “doenças sociais”, que naquela época eram responsáveis por mais de 60% do quadro nosológico registrado nas crianças nordestinas.

Um de seus últimos estudos, que resultou em um livro pioneiro no Brasil, publicado no ano de 1998, indica para as origens nos primórdios da vida das doenças da vida adulta. Esses estudos, ao demonstrarem que as doenças que mais matam em todo o mundo, inclusive no Brasil, como as coronariopatias, o acidente vascular cerebral, a hipertensão, a diabetes, têm as suas raízes na infância, coloca a assistência à saúde da criança, no mais alto patamar de relevância. Esse caminho, o da prevenção primária das doenças crônicas da vida adulta, parece ser o caminho para que o homem atinja com saúde e boa qualidade de vida os 100 anos de idade. E para que todo esse caminho fosse traçado, Fernando Figueira praticamente dedicou sua vida estudando e pesquisando, na crença de que o maior patrimônio de uma nação é a sua criança e a de que não há futuro para um país que não investe nas suas crianças.

Artigo escrito por Dr. João Guilherme Bezerra Alves – Diretor de Ensino do IMIP.

Fernando Figueira, fundador do IMIP faleceu em 01/04/2003 aos 84 anos deixando este legado.


Aos nossos colaboradores, amigos do IMIP.

É isso aí. Justiça, ética, coragem e comprometimento fazem um mundo melhor, vamos absorver o que é bom para nossas vidas.

Contamos com vocês, hoje e sempre.

Atenciosamente,

Paulo Figueira

Gerente de Telemarketing do IMIP.

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