(Como o Censo 2010 realizado pelo IBGE, pode ajudar a construir um país melhor)
Por Valério Caetano
Começou dia 1º de agosto, o maior censo demográfico já realizado no país. São 191.972 recenseadores distribuídos pelas 27 unidades da federação. A eles cabe a difícil tarefa de contar quantos são e como vivem os brasileiros. Serão visitados 58 milhões de domicílios nos próximos três meses e as informações deles coletadas servirão de base para que governo federal, estadual e municipal definam suas políticas públicas para os próximos 10 anos. Os dados também vão ajudar a iniciativa privada a tomar decisões sobre quais os melhores municípios do país para se investir em infra estrutura e geração de empregos. Um censo bem feito, com informações precisas e corretas dará ao poder público a partir de 2011 uma ferramenta preciosa para identificar bolsões de desigualdade, canalizando investimentos em saúde, habitação, saneamento básico e educação para áreas prioritárias estimulando o desenvolvimento econômico e social destas localidades.
O SURGIMENTO DOS CENSOS DEMOGRÁFICOS NO BRASIL
O primeiro grande censo realizado no país data de 1872. Neste ano, foram contados cerca de 10 milhões de brasileiros. Após isso, houve os censos de 1890 (14 milhões de habitantes), 1900 (17 milhões) e 1920 (trinta milhões). O IBGE, apesar de ter sido criado em 1934, só realizaria seu primeiro censo em 1940. Desde então, as grandes contagens começaram a ser realizadas de 10 em 10 anos. A finalidade do intervalo de uma década é que haja um tempo para a recomposição da população e, além disso, contar os brasileiros é uma operação dispendiosa. O 12º Censo demográfico iniciado no ultimo dia 1º de agosto, custará aos cofres públicos 1, 677 bilhão de reais. Antes de 1872, as estatísticas sobre a população brasileira eram apenas conjecturais sem embasamento comprovado. Em 1776, autoridades eclesiásticas estimaram que habitassem o Brasil naquele ano, um milhão e novecentas mil pessoas.
RECENSEADOR: O ELO ENTRE O IBGE E A POPULAÇÃO
É fácil identificar um recenseador. Ele chegará ao domicílio trajando colete, boné azul e portando o aparelho de coleta de dados (PDA). Em caso de dúvida está disponível o telefone gratuito (0800-7218181). Através dele é possível conferir se a pessoa é mesmo recenseadora do IBGE. É importante que o questionário seja corretamente preenchido com informações verdadeiras. O caráter sigiloso destas informações é garantido e respaldado por uma rigorosa legislação. Cada profissional vai atuar em um chamado Setor censitário que é geralmente uma área contínua urbana ou rural formada por uma certa quantidade de domicílios. O Brasil tem 314 mil Setores censitários e Pernambuco, 8.187. Caso o recenseador encontre o domicílio fechado, ele voltará quantas vezes for necessário para que os dados daquela família sejam colhidos, inclusive à noite ou finais de semana se for o caso.
CENSO 2010: QUEBRA DE PARADIGMAS E PIONEIRISMO NA INTERNET
Existem dois tipos de questionários que serão usados pelo IBGE na coleta de dados: o de amostra e o básico. Nele estarão uma série de perguntas como: idade, cor da pele, renda, língua, grau de inclusão digital e pela primeira vez na história dos censos, será perguntado ao entrevistado o sexo do cônjuge. Outras novidades em relação ao censo 2000 foram o uso do PDA, computador de mão que falicitará e muito a coleta de dados, a inclusão no questionário de perguntas sobre o número de celulares por família o uso de medidores, e disponibilidade de energia, perguntas novas como tempo de deslocamento para o trabalho, deficiências entre outras. Este ano pela primeira vez o cidadão vai poder responder o questionário pela internet, desde que o mesmo esteja impossibilitado de responder diretamente ao recenseador. Se optar por esse processo, o morador deverá receber um código único para ser usado no preenchimento do questionário virtual. Isso só será possível após a visita do profissional recenseador. Por último é importante destacar que o IBGE não enviará nenhum email solicitando preenchimento de questionários.
A POLÊMICA SOBRE A COR DA PELE
A coleta dos dados referente à cor da pele é feita de forma autodeclaratória. O método da autodeclaração é consagrado internacionalmente e foi ratificado na Declaração de Durban (Relatório da Conferência Mundial Contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata). O recenseador pergunta ao entrevistado qual a cor ou raça deste, e ele pode optar entre as opções: “Branco”, “Preto”, “Amarelo”, “Pardo” ou “Indígena”.
O CENSO EM GARANHUNS
Para o Censo 2010 a cidade de Garanhuns foi dividida em 161 setores censitários urbanos e rurais. Uma equipe de 240 pessoas, entre elas 120 recenseadores, trabalhará na coleta e armazenamento de informações. Duas vezes por semana, os recenseadores levam as informações colhidas no seu setor para os dois postos de coleta da cidade, localizados na Rua Dom José nº 120. Os postos de coleta recebem os dados alimentando o sistema nacional onde o que foi colhido é enviado para uma central no Recife e depois para o Rio de Janeiro.
Além dos 120 recenseadores, foram contratados para Garanhuns, em caráter temporário, 16 agentes censitários supervisores. Eles estão sendo preparados desde março e têm a responsabilidade de contratar, orientar e capacitar os recenseadores habilitando-os a realizar corretamente o censo.
Rodrigo Andrade Gomes é um dos 16 agentes censitários que vão trabalhar em Garanhuns. Sob sua coordenação, está uma equipe de 10 recenseadores que nos próximos três meses colherão informações nos setores censitários do Magano, Manoel Shell, Várzea e Brasília. Segundo ele, o ponto fundamental para o êxito do censo está na boa orientação à população. “É necessário que todos compreendam o quanto são valiosas as informações que estão sendo prestadas. O resultado que emergir do censo servirá de bússola natural para direcionar com mais igualdade recursos públicos e parcerias privadas para Garanhuns, demais cidades de Pernambuco e para o país como um todo, afirmou Rodrigo”. Noventa por cento dos recenseadores contratados mediante concurso em Garanhuns têm nível superior. O trabalho no IBGE possibilitou a geração de 150 empregos diretos por um período temporário. Os profissionais envolvidos prestam um grande serviço ao país e têm a oportunidade única de conhecer de perto a realidade social do Brasil.
GARANHUNS E SEUS INDICADORES SOCIAIS: QUANDO OS NÚMEROS FALAM
O site do IBGE contem algumas informações estatísticas importantes sobre levantamentos feitos em Garanhuns nos últimos 5 anos. Ao serem postos à mesa estes dados revelam um perfil sócio-econômico da cidade. Os números falam por si.
DOMICÍLIOS EM GARANHUNS NO ANO 2000: 30 mil domicílios. POPULAÇÃO ESTIMADA EM 2009: 131.313 habitantes. NÚMERO DE AUTOMÓVEIS: 13.000 veículos. NUMERO DE MOTOCICLETAS: 6.400 unidades. NÚMERO DE CASAMENTOS EM 2008: 1.101 casamentos com 118 divórcios e 50 separações. ÓBITOS EM 2008: 307 pessoas sendo 165 homens e 142 mulheres. REBANHO BOVINO DE GARANHUNS EM 2008: 35.000 cabeças. ALUNOS MATRICULADOS EM 2009:31. 520 (rede pública e privada).
Por último, um contra-senso na Saúde. Dos 435 leitos disponíveis nos hospitais em 2005, apenas 135 eram de estabelecimentos públicos. Estes dados revelam um retrato fiel de Garanhuns nos últimos 5 anos. Os novos indicadores sociais extraídos e legitimados pelo Censo 2010 nos dirão se a cidade melhorou estes números.
BOM CENSO A TODOS
Enquanto as últimas frases deste artigo eram escritas, dez novos brasileiros nasciam elevando a estimativa da população para 193.309.915 habitantes, mas, um dado curioso do Censo 2010 é que o IBGE usa uma data de referência para o recenseamento. Esta data é a passagem do dia 31 para 01 de agosto, isto quer dizer que, devem ser recenseadas todas as pessoas que moravam habitualmente no domicílio nesta data. Ou seja, as pessoas que nasceram depois de 31 de julho de 2010 não são recenseadas; e as pessoas que faleceram depois de 31 de julho de 2010 devem ser contadas, pois faziam parte do domicílio na data de referência e, portanto, estão incluídas no Censo. Qualquer outra dúvida pode ser tirada no site do IBGE ou no posto de coleta situado na Rua Dom José, 120. “Bom censo a todos”
Valério Caetano é formado em História pela Universidade de Pernambuco (valeriocaetano@hotmail.com)
Foto: http://www.camocimonline.com
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